O conflito latente estabelecido nos últimos anos, com altos e baixos, entre Colômbia e Venezuela, ganhou ares mais sérios e belicistas recentemente. A tensão na fronteira aumentou, com diversos relatos de prisões e assassinatos dos dois lados. O pano de fundo foi a oficialização do acordo militar entre Colômbia e Estados Unidos, no dia 30 de outubro de 2009, segundo qual o primeiro autoriza o segundo a utilizar bases militares em seu território.
Este novo fato fez tocar o alarme não somente na Venezuela, mas em toda América Latina, tendo em vista o perigo que historicamente significou esse intervencionismo estadunidense em nossas nações. A aliança Colômbia-EUA não é exatamente uma novidade, já que se iniciou com o Plano Colômbia.
Entretanto, com o novo acordo, as tensões e intenções se tornam mais claras. Nos últimos anos, a tensão aumentou sobretudo desde que a Colômbia embarcou nessa “aventura” com os Estados Unidos, que chamou de Plano Colômbia, através do qual se fez a mais evidente entrega da soberania neogranadina aos norte-americanos, com a desculpa de combater a guerrilha, o terrorismo e o narcotráfico. Essa cessão dos direitos do povo colombiano é mais palpável hoje em dia.
A intenção dos EUA é aumentar o controle na região e desestabilizar o governo Hugo Chávez, visto como líder de um projeto progressista para a América Latina, materializado na Aliança Bolivariana para as Américas (Alba). A presença militar de uma potência estrangeira num país da América do Sul provoca necessariamente um desequilíbrio na região.
Acordo
Dias depois, conforme prometido, o governo de Álvaro Uribe publicou o acordo na íntegra. O texto deixa questões em aberto e é mais permissivo do que se pensava. Um exemplo é que o número de 800 militares e 400 civis estadunidenses é apenas uma referência. Fica estabelecida a possibilidade do número ser maior.
Além disso, é dada imunidade aos cidadãos estadunidenses que atuem nessas bases, ou seja, estarão acima das leis colombianas. Na prática, podem cometer crimes sem perigo de punição, como observou o presidente venezuelano Hugo Chávez.
Outro ponto polêmico é que os EUA não poderão ser expulsos de instalações construídas na Colômbia com financiamento estadunidense até a data em que o acordo expira: 2019. Isso impossibilita que os próximos governos os expulse, criando enclaves estadunidenses no continente.
O governo de Álvaro Uribe mantém um discurso “pacifista”, afirmando que a Colômbia não fará nenhuma movimentação para causar uma guerra com nenhum país, muito menos com os “países irmãos”. Do outro lado, Hugo Chávez mantém o discurso inflamado, afirmando que a atitude da Colômbia já é uma declaração de guerra. Em seu programa “Alô, Presidente”, de 8 de novembro de 2009, afirmou que o exército do povo deve estar preparado para um possível ataque dos EUA partindo da Colômbia. Chávez está certo. Estamos revendo o movimento contra-revolucionário norte-americano contra o governo de Fidel Castro, frustrado, é claro.
Guerra?
A guerra é mais midiática que real, mas não descarta, no futuro, um conflito armado entre as duas nações latino-americanas. Diante de um acirramento da tensão, a tendência seria uma saída diplomática negociada, uma vez que as populações dos dois países não vêem com bons olhos um conflito com o país vizinho. Uma coisa são governos e outra são os povos. Creio que os venezuelanos e colombianos não vêem uma opção [na guerra].
Um conflito armado teria efeitos extremamente nocivos para o continente. Se sai uma guerra, temos que nos perguntar: qual o objetivo estratégico?, lembrando que, ainda que a Colômbia tenha forças militares preparadas para combater a guerrilha interna, é diferente de uma guerra contra outro país. Certamente, os Estados Unidos sairiam em defesa do seu aliado.
Um comentário:
o professor maia falando de america latina e eu lembrando de vc um apaixonato por esse assunto belo texto
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