01 janeiro 2013

Os 54 anos da Revolução Cubana: o que ela representa?


Entrada dos revolucionários cubanos na cidade de Havana, em 1 de janeiro de 1959. 

A revolução cubana não foi apenas a segunda independência de Cuba. Ela foi uma luz para a América Latina. Uma pequena ilha havia se levantado contra um império, contra a tirania do imperialismo. A luta contra esse império segue até hoje. Durante os últimos 54 anos, os cubanos vem enfrentando uma série de ataques. Mas eles resistem. E resistem porque, caso fracassem, sabem que tem duas coisas muito preciosas a perder: a liberdade e a independência.

E Fidel, o que dizer dele? Foi sem dúvidas o maior chefe de governo da história do continente. Não houve líder mais capaz, honesto, corajoso e leal ao povo. Enfrentou a própria família para garantir os interesses populares. Sua família, formada por proprietários de terras, não escapou da reforma agrária, tendo suas propriedades coletivizadas.

O dia 1 de janeiro ficará marcado para sempre como o dia em que um grupo de jovens rebeldes triunfou sobre a injustiça, a opressão e a exploração. Os guerrilheiros de Sierra Maestra são e sempre serão um exemplo para aqueles que acreditam na construção de um mundo mais justo, onde homens e mulheres não tenham mais que se vender para sobreviver, um mundo onde o trabalho deixe de ser um simples instrumento de um pequeno número de homens imoralmente ricos, que o exploram diariamente para seus fins, para se tonar numa fonte de liberdade humana.

A revolução cubana, pouco a pouco, transformou Cuba em uma democracia popular. A suposta ditadura castrista tão falada pela mídia capitalista e até mesmo por parte da esquerda é, na verdade, o regime mais democrático do mundo.

Por que Cuba seria uma ditadura? Por que há um sistema de partido único? Definir a democracia como pluripartidarismo é uma deformação do significado original da palavra, que significa "poder do povo". Quanto maior a participação do povo nas decisões políticas, mais democracia se tem. E ninguém pode afirmar honestamente que em Cuba o povo não tem participação efetiva na política. Quem conhece o modelo cubano sabe que em nenhum lugar do mundo os trabalhadores tem tanto poder.

O que é mais democrático do que um sistema onde até os candidatos a cargos políticos são escolhidos diretamente pelos eleitores, enquanto em países como o Brasil e os EUA são os partidos que decidem quem serão os candidatos? Além disso, em Cuba, os representantes podem ter seus mandatos revogados a qualquer momento.

É sempre importante repetir que o Partido Comunista de Cuba não tem caráter eleitoral. Ele não indica candidatos, não faz campanhas políticas. O PC cubano tomou desde o primeiro momento medidas para combater a burocratização do partido. Que outro partido do mundo, por exemplo, só aceita novos membros caso eles sejam aprovados por assembleias de trabalhadores?

Não estou dizendo que tudo na política cubana é perfeito. Mas chamar Cuba de ditadura é uma completa falta de conhecimento sobre o que é poder popular. No máximo, poderíamos exigir ainda mais democracia no país. A democracia sempre pode ser ampliada, isto é, a participação dos cidadãos nas decisões políticas sempre podem ser elevadas a um novo grau.

Cuba, hoje, passa por uma série de reformas econômicas, que visam modernizar a economia do país. Podemos dizer que o governo de Raul Castro está democratizando a economia. A intenção é ampliar o controle da sociedade sobre as atividades econômicas.

O Partido Comunista de Cuba permanece fiel ao socialismo, mas seus dirigentes e líderes tomaram consciência de que o socialismo cubano precisar ser renovado. É claro que há sempre a possibilidade de um golpe de burocratas pró-capitalismo destruir o sistema socialista do país, como ocorreu no leste europeu, mas por enquanto não há nenhum sinal de que isso possa ocorrer em Cuba. Mas sabe-se que, enquanto existirem países capitalistas no mundo, o socialismo não terá triunfado. O socialismo cubano, então, só triunfará realmente, caso encontre apoio em uma revolução internacional. A questão é, Cuba socialista, surgida do socialismo do século XX, viverá para ver o novo socialismo? Só o tempo nos dará a resposta.

A revolução deu ao povo cubano, entre outras coisas, democracia, educação, saúde, moradia, alimentação digna, segurança e trabalho para todos. Essas conquistas precisam ser preservadas, mas isso significa uma luta contra as forças que insistem em tentar destruir a independência e a liberdade dos cubanos. E não é apenas uma luta contra forças inimigas imperiais, é também uma batalha contra qualquer ameaça burocrática que tente transformar o sistema político de Cuba em um oligarquia.

Marx, Engels e Lênin alertaram para a ameaça que representa a burocracia. Foi pensando nisso que Engels disse na introdução ao texto de Marx "A Guerra Civil na França" que, em uma sociedade socialista, seria preciso cortar os piores aspectos do Estado desde o primeiro momento. E, na minha visão, isso significa uma luta permanente para fortalecer os órgãos de poder popular, ligados à sociedade. Seguindo o exemplo dos três gigantes fundadores do socialismo científico, os trabalhadores cubanos devem sempre estar atentos a qualquer desvio burocrático.

Que a revolução cubana não seja apenas mais uma data famosa da história, que ela sirva de exemplo e inspiração para todos os povos trabalhadores do mundo, os únicos capazes de jogar no lixo da história a exploração e derrotar a ditadura do capital. Viva Cuba livre!

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